sábado, 18 de fevereiro de 2017

A igreja nova das coisas velhas

Justamente neste ano do centenário de Fátima, comemoramos também, os dez anos do Motu Proprio Summorum Pontificum. Ao promulgá-lo, o Papa Bento foi como um bom pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas… (Mt. 13,52).


Carmelitas Eremitas | Flos Carmeli, nº 10, fevereiro 2017: Celebramos hoje, irmãos caríssimos, a festa da Purificação de Nossa Senhora, também chamada Festa da Candelária, porque, neste dia, as velas, ou Candeias, são abençoadas para serem sinal da Luz de Cristo que veio ao mundo para iluminar todos os povos! Tomemos nossas velas, porque somos, também, luz do mundo! (Mt. 5,14) Caminhemos sob a luz do nosso Deus! Encontremos hoje a nobre Virgem Mãe, trazendo em seus braços o pequenino Cordeiro Imaculado. Ela acompanha os ritos da antiga lei e pensa no valor do sangue daqueles animais que eram imolados como figura daquele Sangue mais precioso que seria derramado na cruz! Hoje, o Primogênito, o Consagrado por excelência, o Senhor do Templo, entra no Templo. Ninguém notava nada diferente naquele Menino de 40 dias, mas, nEle estava a nossa vida, o nosso futuro, nossa esperança! Pensemos nestes mistérios! Pensemos naquelas singelas pombinhas, pensemos no rito, nos gestos de amor, na densidade de todo o cenário daquele dia… De repente, surgiu o velho Simeão! Justus et timoratus! Profundamente emocionado, ele diz: Nunc dimittis! Agora posso ir em paz! Meus olhos viram! Minhas mãos tocaram! Agora eu vi o Salvador! Ele fora conduzido pelo Espírito Santo até o Templo, tomou o Menino em suas mãos e bendisse a Deus! (Lc. 2,28) De velho, se fez novo porque se deixou conduzir por Deus! A Criança estava nas mãos do velho, mas era a Criança que regia o velho! O que significa essa velhiceIpse ad senem hominem venit, qui mundum inveterátum invénit. Explica Santo Agostinho: Ele veio ao encontro desse homem velho, porque encontrou um mundo envelhecido. A velhice do mundo é a ausência de Deus! Quanto mais se afasta de Deus, mesmo que esteja cheio de coisas novas, o mundo estará envelhecido… Mas, Simeão esperava a “consolação de Israel” (Luc. 2,25), ou seja, a presença dAquele que nasceu para levar todas as coisas à plenitude. (Ef. 3,19) Por saber esperar, ele foi jovem; por desejar o bem, seu coração de velho podia dizer: vou subir ao Deus que alegra a minha juventude! (Sl. 42). Muitos não percebem como o racionalismo moderno tornou a humanidade envelhecida! Cada vez mais, as pessoas estão velhas e parece até que já nascem velhos, porque não se abrem ao Espírito de Deus! Nosso tempo está cheio de novidades, mas, cada vez mais envelhecido! De fato, até a novidade dos homens é velhice e a antiguidade de Deus é juventude! Entretanto, dentro da própria Igreja, há muitos que andam em busca de novidades que conduzem à perdição! (II Tim. 4,3) Cristo veio trazer um vinho novo, que nunca acaba (Jo. 2) Ele faz novas todas as coisas! (Ap. 21,5) e nos renova cada dia, para termos a esperança da vida eterna! Porém, Ele é sempre o mesmo (Heb. 13,8) e o Seu Espírito age na vida da Igreja inspirando e fixando as doutrinas e os ritos segundo a tradição. A propósito, justamente neste ano do centenário de Fátima, comemoramos também, os dez anos do Motu Proprio Summorum Pontificum. Ao promulgá-lo, o Papa Bento foi como um bom pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas… (Mt. 13,52) Como não nos admirar ao vermos tantos testemunhos de sacerdotes que, ao conhecerem a missa antiga, redescobriram o valor do seu ministério!? Como se diz na leitura de hoje: “eles serão para o Senhor sacerdotes que apresentarão as ofertas como convêm. E a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora. (Mal. 3, 4) Infelizmente, a missa tradicional é considerada por muitos como uma “coisa velha” que já deveria ter sido morta e sepultada… Mas, contrariando todas as previsões, seu interesse é cada vez maior, por parte, principalmente de pessoas jovens! E por que? Porque ali temos algo que ultrapassa o humano, o normal, o trivial. Isso é o que torna a “missa antiga” sempre nova e o que faz tantas manifestações dessa liturgia moderna serem velhas desde a sua concepção… Por isso, podemos dizer que a Igreja deve redescobrir suas coisas velhas para ser realmente nova e eterna como Deus!

Via: Sensus Fidei 

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